segunda-feira, 13 de junho de 2011

São Paulo, Humanidade e um Pouco de Jazz

Local: Parque do Ibirapuera - entrada franca.

Agenda do dia:

10h – Funk Off Brass Band Parade
17h30m - Sharon Jones & The Dap-Kings
19h – Cinema ao ar livre BMW: apresentação do filme ‘Jazz on a Summer’s Day’
Filme de Bert Stern, com co-direção de Aram Avakian
Duração: 84min
Ano de lançamento: 1960
O dia em sí:

"São Paulo, BMW Jazz Festival". Só o título tem tanto significado que o artigo já poderia ser encerrado, porém, vamos lá, desdobrar o tema.

São Paulo é um cidade que impressiona, não pelo seu tamanho ou pujância mas por sua [des]elegância humana, isso mesmo, para mim, São Paulo é o local onde os opostos e desarmônicos convivem tranquilamente em um meio de respeito onde, sequer, visa-se um propósito ou bem comum. São Paulo apenas existe, e isso basta.

É fino encontrar o obelisco, os lagos e todo o verde do parque do Ibirapuera cercado, quase encarcerado em meio aos carros e trânsito intenso, mas, nem por isso o parque nos passa a impressão de sobreviver em meio a cidade, ele não está preso em meio ao caos urbano, ele simplesmente existe, co-habita, equilibra e pulsa essa cidade, movida única e exclusivamente, pela forte pluralidade humana que em si acolhe e abriga.

Ontem ficou claro para mim a beleza da diferença, da composição do corpo social formado por skatistas, casais de namorados, casais que dançam sei lá a que som, sei lá para quem... eles apenas dançam...amantes, familiares, punks, metaleiros, lindos e lindas, gostosos e gostosas, loucos e loucas e uma infinidade de estilos e de filosofias de vida apenas existindo, respirando e vivendo um domingo de outono, quase inverno.

Os meninos andam de skate ao lado da lanchonete onde tem uma familia lanchando com Pai, Mãe, Vô, Vó, Crianças e cachorros... na mesma lanchonete um casal toma cerveja, uma galerinha come um lanche e um caboclo daqueles bem forte bate uma mega prato de arroz, feijão e bife... tudo isso ao lado do casal formado por duas meninas, outra mesa, três pares de casais homosexuais masculinos... no mesmo restaurante... no mesmo espaço, na mesma atmosfera... e problemas? Nenhum... sinceramente não vi nenhum... todos opostos em um convívio perfeitamente harmônico.

No gramado em frente ao palco aberto do auditório era possível encontrar casais, familias com carrinhos de bebês devidamente protegido do frio da estação, bicho grilo, barbudos, carecas, normais e anormais... muito vinho, maconha, cigarro e tambèm refrigerante e algodão doce, salgadinho e porquê não, uma mamadeira quentinha para o neném?

Foi exatamente esta nada [comum]unidade social que me chamou a atenção. 


Quem me conhece sabe que já teci críticas imensas ao estilo de vida das metrópoles mas ontem, de certa forma, peguei empresado um olhar repousado sobre o fascínio humano desta cidade dos paradoxos... o que eu quero dizer com isso? Digo que nunca vi tanta humanidade em um ambiente tão impessoal... e é justamente este o eixo do paradoxo Paulista... talvez uma das melhores cidade para SER e para NADA SER.. pois... SER em São Paulo é praticamente imposssível assim como NÃO SER em São Paulo é impossível de o fazer... a cidade exige existência de quem a visita, de quem por ela é recebida.




Tenho a sensação que o rio lento e poluído do Tietê nos sussura bem baixinho na entrada da cidade: "seja muito bem mal vindo a cidade de Santos Pecados de Paulo... Estes Santos Pecados irão aniquilar-te para que enfim você possa ser Quem Você Realmente É... ou não... A escolha aqui em São Paulo, é sua!

Esta é São Paulo para mim... a cidade mais Humana e ao mesmo tempo mais Solitária que já conheci.

Uma cidade alegremente triste.... e com uma tristeza muito querida, suave... de felicidade sutil por entre as faces singulares e exclamativas dos paulistas.

Uma cidade fria em seus edifícios mas calorosa nas suas histórias, como por exemplo a freira na janela do Colégio Santa Marcelina em Perdizes ou no casal de velinhos comprando frango assado para o almoço de domingo.

Há que se interessar e saber observar suas poesias. 

Há que se tomar muito cuidado para o trânsito e o tumulto travado das ruas durante a semana não engulam seus versos e poesias.


São Paulo reserva sua beleza apenas aos fortes que sobrevivem a sua dureza e, confesso, são poucos os que sobrevivem (eu não sou um deles, já trabalhei em SP e fugi de lá assim que pude. Hoje apenas a paquero, de preferência aos domingos onde o trânsito é menor)




Enfim,

Como puderam ver... do Festival de Jazz em São Paulo... para mim, apesar do show ter sido maravilhoso e irretocável, o verdadeiro espetáculo foi o público comum, [extra]ordinário, transeuntes em seu balét irretocável, [des]harmonicamente perfeito e bem orquestrado.

São Paulo, traduzo-te como uma das maiores Pluralidades Poéticas da Humanidade.

Amo-te e odeio-te, como "tem que" e "deve" Ser ;)

http://www.bmw.com.br/br/pt/insights/events/jazz_festival/2011/showroom/programacao/index.html


F.

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